Big Techs

Crise nas Big Techs: Por que elas Demitiram Tanto?

As grandes empresas de tecnologia, conhecidas como “big techs”, deram início a uma onda de demissões em massa do final de 2022 para cá. Empresas como Amazon, Spotify, Microsoft, Google, Meta e outras tiveram cortes consideráveis no quadro dos funcionários e esse cenário leva o consumidor a se perguntar se isso impactará o usuário final de alguma forma.

Devemos esperar o aumento dos preços dos produtos e serviços dessas empresas? O que muda nos produtos e serviços oferecidos? Como a demissão de tantos profissionais qualificados impacta o mercado de trabalho? Surge, inclusive, a dúvida sobre qual o real motivo dessa crise nas big techs. 

Por que as big techs estão demitindo em massa?

É interessante lançar um olhar de reflexão sobre essa situação ao passo que estamos falando de empresas que esbanjavam benefícios e salários muito bons como forma de atrair profissionais qualificados. 

Ver esse movimento de retração é um convite para refletir sobre como todos os acontecimentos dos últimos anos acabam, sim, tendo uma conta alta no final. Além de ser um convite para entender como tantas pessoas buscando recolocação profissional impactam o mercado de trabalho. Entenda:

O cenário pós pandêmico

Em 2020, no auge da pandemia, as empresas de tecnologia viveram um crescimento expressivo devido à total mudança na rotina e do consumo da sociedade com o isolamento social. A força do digital veio com tudo e as especulações sobre como a vida seria após essa crise eram muito positivas.

Acreditava-se que a economia teria um “boom”, assim como a adesão do home office, o crescimento absoluto dos serviços digitais e tecnológicos e que a transformação digital seria uma realidade generalizada e em pleno funcionamento até o final da crise pandêmica. 

Conforme avançamos na luta contra o COVID-19 com as vacinações, a realidade não foi tão parecida quanto o que se esperava e muito do que havia mudado voltou a ser como era. 

Além disso, no contexto de crise econômica em que vivemos, a verdade é que as pessoas estão pagando cada vez mais caro para se manter e, por isso, cortando o máximo de gastos possível, ao contrário do que se pensava que aconteceria após a pandemia.

Como resultado, as big techs foram diretamente impactadas, especialmente por serem empresas com mais de 20 anos de mercado que alocam milhares de funcionários muito bem pagos. 

Alta inflação nos Estados Unidos e crise dos anunciantes

Um outro fator de extrema relevância na crise das big techs é a alta inflação nos Estados Unidos que aponta uma crise não só nas empresas de tecnologia, mas no Vale do Silício como um todo.

Se considerarmos que parte considerável do lucro dessas empresas vem dos anunciantes que pagam para ter espaço publicitário nas plataformas e que essas mesmas empresas estão segurando gastos com publicidade, o resultado é um impacto direto no caixa das big techs. 

Afinal, como essas corporações dependem desse tipo de fonte de receita e não a têm, o valor das ações despencam e o reflexo imediato são as demissões em massa.

Recessão econômica global

Recentemente, o Banco Mundial anunciou que a economia pode entrar em recessão “facilmente” no ano de 2023. 

Em relatório, o BM comunica que, em função da enorme fragilidade das condições econômicas atuais, qualquer novo acontecimento adverso pode levar a economia para a recessão. Desde a inflação mais alta, até o crescimento das tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.

Com esse cenário de tempestade, é natural que o movimento seja de retração nas grandes corporações e a crise nas big techs é um reflexo disso. 

Como as demissões em massa afetam o consumidor comum?

Com menos força de trabalho, certamente qualquer empresa precisa operar mudanças na sua forma de funcionamento e isso pode acabar afetando o que é entregue ao consumidor final. Diante do cenário observado, podemos considerar alguns possíveis impactos da crise das empresas de tecnologia no consumidor.

Estabilidade das plataformas e serviços

Mesmo que essa não seja uma certeza, é válido considerarmos que as plataformas demonstrem mais instabilidade e mais demora na resolução, até porque em muitos casos quadros inteiros de funcionários foram demitidos.

Com uma equipe reduzida, consertar bugs e instabilidades pode ser uma adversidade que demande planejamento estratégico por parte das big techs.

Políticas de moderação de conteúdo

Demissões na área de moderação de conteúdo e controle das políticas do usuário podem trazer impactos extremamente negativos como a desinformação e a disseminação de discursos de ódio. 

No momento político que a gente vive no Brasil e no mundo, esse tipo de impacto pode ser, além de negativo, nocivo. 

Preço dos serviços

Também não há confirmação de que as corporações que recentemente fizeram demissões em massa irão aumentar o preço das suas assinaturas e serviços. Entretanto, é uma possibilidade que não pode ser desconsiderada ao longo de 2023. 

Além disso, o lançamento de funções Premium dentro das plataformas é algo que pode se tornar cada vez mais presente. Isto é, quando a plataforma é gratuita somente até certo ponto, para utilizar todos os seus recursos é preciso investir nas funções Premium pagas.

Essa já é uma estratégia comum de marketing digital e que pode se tornar mais presente nas empresas de tecnologia, a começar pelo próprio Twitter.

Como será o futuro das big techs?

Dadas as circunstâncias, é natural que surja o questionamento sobre qual será o futuro dessas empresas. Uma situação como essa abre grande margem para o surgimento e fortalecimento de potenciais concorrentes, o que coloca a gestão e diretoria desse nicho em uma posição de insistir na expansão apesar da crise.

Ademais, as big techs perderam quase U$ 4 trilhões em valor de mercado em 12 meses, retornando a um cenário de vendas semelhante ao pré pandemia, porém sucedendo um crescimento repentino com a crise pandêmica, um verdadeiro desespero para qualquer contabilidade e financeiro, visto que com o “boom” na pandemia, essas empresas investiram forte na expansão e contratações. 

Sendo assim, as demissões em massa das big techs são uma tendência já prevista para 2023, mesmo que isso não impeça a expansão dessas empresas. Tudo gira em torno da forma como as big techs irão fazer para obter outras fontes de receita e a forma como a economia vai se comportar. 

Polêmicas envolvendo as demissões em massa das big techs

Uma outra questão que circula a crise das big techs são as polêmicas relacionadas às demissões e até mesmo a forma como foram feitas. 

O exemplo mais divulgado foi o caso do Twitter, que se tornou alvo de inúmeras reclamações trabalhistas quando foi comprado pelo Elon Musk no final de 2022 passou por um corte imenso de funcionários.

De acordo com o portal R7 de notícias, a empresa é acusada de não pagar indenizações, de ter dado preferência à demissão de mulheres e até mesmo a demissão ilegal de funcionários que estavam de licença. Confira a matéria completa aqui.

Além dessas, outras questões polêmicas giram em torno dessa movimentação abrupta do mercado de tecnologia, como o avanço irrefreável da inteligência artificial.

Máquinas no lugar de humanos – inteligência artificial

Dois gigantes rivais que também passaram recentemente pelos cortes de funcionários sentem a concorrência apertar conforme as tecnologias de inteligência artificial avançam: Google e Microsoft são concorrentes diretos com inúmeros serviços.

Recentemente, a Microsoft está buscando cada vez mais formas de integrar o uso da inteligência artificial nas funcionalidades que oferece, o que coloca a empresa em uma posição de vantagem competitiva muito maior do que o Google atualmente. 

O mais recente acontecimento que aponta isso foi o fato de a Microsoft ter uma licença exclusiva de uso de modelos e chat GPT da OpenAi.

O que é ChatGPT?

O chatGPT (Transformador Generativo Pré-treinado) é a mais recente tecnologia de IA da empresa OpenAi, lançada no final de 2022 e capaz de manter diálogos em discurso muito semelhante ao humano e escrever códigos de programação.

A tecnologia revolucionou o mercado e promete avanços inexplicáveis para as empresas que implementarem seu uso. 

No caso da Microsoft, a intenção é trazer recursos como:

  • Criação automática de apresentações no PowerPoint
  • Melhorar previsões do Word, Outlook e pesquisa no Bing;
  • Sistemas de captação de som somadas à IA para resumir reuniões feitas no Teams;
  • Recursos de preenchimento automático.

Para se ter ideia do impacto causado por essa ferramenta e suas funcionalidades, a Buzzfeed teve suas ações fechando em uma alta de 200% após anunciar que iriam implementar o uso do chatGPT para criação de conteúdo. Vale ressaltar que essa também é uma empresa que passou por corte de funcionários recentemente. 

A crise nas big techs tem a ver com a inteligência artificial?

É natural que muita gente se questione sobre o nível de influência da tecnologia sobre as demissões em massa, levantando um antigo debate: as máquinas vão substituir o trabalho humano?

A verdade é que as máquinas atuam lado a lado com a força de trabalho humana e estão aqui justamente para suprir necessidades e dar apoio na execução e otimização de tarefas. 

Tudo isso gera muito valor econômico e possibilita o crescimento de diversos nichos, dando para a sociedade novos recursos e formas de consumo.