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O jovem de hoje quer comprar carros? Entenda a questão!

No ano de 2019, o setor automotivo registrou o melhor resultado de vendas de carros e motos em meia década.

Algumas razões apontadas por economistas para esse quadro são a queda da taxa de juros e de inadimplência, o que estimulou a concessão de créditos por instituições bancárias para quem quisesse adquirir um veículo novo. 

Outro fator apontado foi a maior busca por locação de veículos por motoristas de aplicativo. Contudo, um movimento que vem chamando a atenção de especialistas do setor automotivo é a baixa procura de carros pelas gerações Y, nascida a partir dos anos 80, e Z, nascida entre meados da década de 1990 até 2010.

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela consultoria Deloitte, 62% dos jovens das gerações Y e Z não têm a aquisição de um automóvel como prioridade. O que explica essa mudança de comportamento pelos usuários de carros, especialmente, os mais jovens?

Razões das novas gerações

É importante pensar no perfil do jovem que costumava comprar carro até então: pertencentes às classes média e alta.

Para jovens oriundos de famílias economicamente favorecidas, a aquisição de automóvel nunca foi uma tradição ou um hábito realizado assim que se completasse 18 anos. Em 2014, os jovens moradores de periferias foram os que mais compraram carros no país, segundo dados da Serasa.

Um dos motivos apontados por especialistas para explicar porque jovens economicamente abastados não têm priorizado a compra de automóveis foi a popularização de serviços de transportes feitos por meio de aplicativos.

Em 2019, foi registrado um aumento de 8% na venda de veículos justamente motivada pela maior busca por esses recursos.

Outra razão levantada foram as altas taxas e impostos que devem ser pagos para garantir a manutenção do veículo, tais como: Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), gastos com gasolina e estacionamentos privados na hora de sair para trabalhar ou se divertir.

Mudanças no mercado de trabalho

Outro fator fundamental para tentar compreender o menor interesse de gerações jovens em comprar carros são as mudanças no mercado de trabalho nos últimos anos. 

O crescimento da informalização da mão de obra,  da diminuição de trabalhos com carteira assinada e, consequentemente, o aumento de trabalhadores MEI ou PJ, especialmente, em países como o Brasil, reduz o cumprimento de compromissos financeiros a longo prazo. 

Sem ter uma remuneração fixa por mês, nem proteção social, esses profissionais se tornam incapazes de assumir compras de valores mais altos ou financiamentos a longo prazo.

Experiências priorizadas

Outro fator importante é que essas gerações têm priorizado investir o dinheiro, antes dispensado para comprar um carro ou uma casa, em experiências, como viajar.

Adquirir um carro ou uma casa costumava ser visto como um passo para se fixar em um lugar. Antes disso, as novas gerações buscam viver diferentes experiências, como trocar de emprego, empreender, realizar um intercâmbio em outro país ou cursar uma nova graduação. 

A juventude costuma ser vista como o melhor momento para investir esse capital antes de buscar estabilidade. Nesse contexto, nos últimos anos, cresceram o número de sites e blogs de jovens que venderam carro e até apartamento para juntar dinheiro e viver essas experiências, sobretudo, viagens mais duradouras.

Noção diferente de propriedade

Uma economia cada vez mais marcada por serviços e produtos compartilhados pode alterar um pouco as noções sobre propriedade, principalmente, entre os mais jovens.

Ao compartilhar serviços em aplicativos e ter experiências com trabalhos voluntários, os mais jovens vão concebendo que o consumo pode ser menos individual e mais colaborativo, o que impacta diretamente os segmentos industriais, como o automobilístico e o turístico, por exemplo.

Texto: Gear Seo