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Pesquisa indica melhora nos hábitos alimentares dos brasileiros

A pandemia mudou os hábitos de muitos de nós. Assim, uma pesquisa revela que os brasileiros passaram a se alimentar melhor. O estudo foi realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e demonstra que estamos mais atentos à nossa saúde na hora de fazer as compras do mês, preferindo alimentos mais frescos e saudáveis.

A pesquisa é parte do Estudo NutriNet Brasil, uma plataforma associada e executada pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP). 

O estudo conta com pesquisadores de instituições de todo o país, entre elas, Unifestp, UFMG, UFRGS, UFPel, Fiocruz e Instituto Nacional do Câncer, tendo como núcleo principal os pesquisadores da USP.

O objetivo inicial da pesquisa é analisar a relação entre a alimentação, o aparecimento e o desenvolvimento de doenças crônicas nos brasileiros. Os dados sobre a pandemia vieram como consequência do estudo em curso, que não tem foco na COVID-19.

Alimentos in natura

Os profissionais envolvidos na pesquisa acreditam que a mudança de hábito pode estar relacionada com as dinâmicas do isolamento. Muitas pessoas que comiam fora todos os dias passaram a cozinhar mais em casa. Isso, por si só, já diminui bastante a ingestão de alimentos industrializados.

O que se observou foi um tímido crescimento em relação ao consumo de alimentos in natura, aqueles que não sofreram processos que modifiquem sua estrutura ou sua natureza. Por serem consumidos em sua forma natural, eles apresentam uma quantidade maior de nutrientes e fibras do que as versões processadas.

Outra motivação possível para que o interesse por comidas naturais tenha crescido é o fato de que, com a pandemia, as pessoas passaram a procurar opções que aumentem a imunidade, especialmente, porque a informação de que alimentos in natura podem ajudar a prevenir sintomas mais graves da COVID-19 foi amplamente divulgada pela mídia nacional.

A equipe da pesquisa realizada no Brasil informa que o consumo de refrigerante, biscoito recheado, bolos industrializados, salgados e frituras no geral, associado às enfermidades ocasionadas por ele, está ligado à ocorrência de formas mais graves da doença causada pelo coronavírus, à necessidade de internação hospitalar e até à morte.

Essa informação foi oferecida a partir da análise de dados de pesquisas realizadas em outros países, sobretudo, Estados Unidos, China e Itália.

Desigualdade na mesa com hábitos alimentares

Apesar de os resultados animadores da pesquisa, ela demonstra que, no mesmo período, houve um aumento significativo no consumo de alimentos processados e ultraprocessados nas regiões Norte e Nordeste do país, em especial, nas classes baixas.

Por um lado, isso demonstra que os impactos da pandemia na alimentação do brasileiro aconteceram para pessoas de todos os setores econômicos e de todas as regiões, por outro, evidencia a desigualdade na mesa, o que acontece tanto pelas diferentes formas que a informação circula, quanto pelo acesso direto aos alimentos de qualidade.

A pesquisadora Kamila Gabe, do Estudo NutriNet Brasil, explica os riscos do consumo desse tipo de alimento. A profissional destaque que produtos processados e ultraprocessados são pobres em nutrientes, o que piora as defesas do corpo. 

Isso acontece porque a digestão demanda energia do organismo, mas esses alimentos pouco contribuem para a sua nutrição. Ou seja, o saldo acaba sendo negativo.

Kamila ainda ressalta que o consumo desses alimentos está diretamente relacionado ao desenvolvimento de condições como a hipertensão, a diabetes e a obesidade. O estudo conclui, por fim, que ainda é cedo para dizer se a mudança de hábitos observada nesse momento será duradoura. Isso porque uma nova alteração de rotina pós-isolamento pode, mais uma vez, modificar a alimentação dos brasileiros.

Texto: Gear Seo