respirador

Pesquisadores da USP trabalham 18h por dia para criar um respirador de baixo custo

A insuficiência respiratória é um dos sintomas de pacientes com coronavírus.

Para receberem oxigênio ao sangue, os internados precisam de um aparelho respiratório a fim de tratar a doença. Porém, com a superlotação de hospitais e a alta demanda, é provável que, em poucos meses, muitas pessoas fiquem sem o respirador, o que pode desencadear diversas mortes. 

Pensando nisso, médicos, engenheiros e pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP) pensaram em uma máquina inovadora. Ela é feita a partir de um projeto de ventilador pulmonar emergencial de baixo custo, chamado Inspire.

Para dar conta das pesquisas e chegar à finalidade adequada do produto, os profissionais estão trabalhando 18 horas por dia.

As outras 6 horas que sobram são divididas entre descanso, banho, alimentação, etc. Sendo assim, esse é um processo difícil, em que eles estão abdicando do próprio tempo a fim de garantir a saúde populacional.

O que é o Inspire?

Inspire é uma solução mais barata de respirador que custa, em média, R$ 1000. Em comparação, os aparelhos respiratórios convencionais dependem da importação para chegar ao Brasil e têm um preço bem mais alto, R$ 15.000. Além disso, a fabricação do Inspire demora em torno de 2 horas para ficar pronto. 

O principal objetivo do aparelho é ter baixo custo, ser simples e fácil de ser fabricado. Sendo assim, ele é uma maneira de garantir respiradores para todos os contaminados.

O mais interessante é que o Inspire é equivalente aos respiradores convencionais, apesar do preço muito mais baixo. Assim, é possível produzi-lo em larga escala. Para isso, só é preciso que indústrias interessadas tenham aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Inclusive, duas fabricantes estão licenciadas para a produção dos respiradores no Brasil, sendo elas uma indústria de tecnologia em automação e outra de equipamentos médicos hospitalares.

Como funciona o aparelho respirador?

Para funcionar, o respirador precisa de dois processadores independentes, sendo um para a interface e outro para o controle de bombeamento. Esses processadores foram desenvolvidos em parceria com o programa Caninos Loucos e Jon Hall, diretor do Conselho do Linux Professional Institute, com o apoio da POLI-USP. 

A configuração é bastante simples quando comparada aos computadores convencionais, já que a memória RAM é de 2GB e o processador é um quad-core de 32 bits. Isso justifica o custo baixo do aparelho.

Já foram feitos testes do respirador?

Comparado com os aparelhos respiratórios tradicionais, o Inside se mostrou muito eficaz. Aliás, testes em humanos já foram feitos dentro do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, tudo seguindo a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Como esperado, deu tudo certo e o aparelho obteve o sucesso previsto. 

Por que o Brasil não tem aparelhos suficientes?

Existem algumas causas pelas quais o Brasil não consegue equipamentos essenciais diante da COVID-19. Entre elas está a complexidade em fabricar o aparelho respiratório convencional.

Além disso, a baixa capacidade de produção das empresas nacionais e a concorrência com países ricos, que aceitam pagar mais caro pelo aparelho, faz com que alternativas sejam estudadas a fim de garantir a saúde de milhares de brasileiros.

Texto: Gear Seo