Produção brasileira de arroz está estimada em 10,5 milhões de toneladas, 1% abaixo da safra 2018/19, que havia sido menor do que a anterior
O Brasil vem produzindo cada vez menos arroz para ajustar a oferta à demanda interna e melhorar a renda do produtor brasileiro. A colheita foi estimada em 10,56 milhões de toneladas para a safra de 2019 e 2020.
Esse volume representa incremento de 1% em relação ao último ciclo, que havia sido inferior ao dos anos anteriores.
A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que divulgou o quarto levantamento em janeiro deste ano. A área total semeada foi calculada em mais de 1,5 milhão de hectares, no período de 2019 e 2020, de acordo com a Conab.
Grande parte do plantio é o de arroz irrigado, com a previsão de totalizar 1,3 milhão de hectares, uma quantidade menor, se comparada ao período anterior. Já o arroz de sequeiro abrange uma alta de 11,1%.
Os estados do Mato Grosso e Maranhão são os maiores produtores de arroz de sequeiro.
Já o arroz irrigado está concentrado na região sul do país, com 951 mil hectares no Rio Grande do Sul e 144 mil hectares em Santa Catarina.
Mesmo com a redução da plantação nas últimas safras, a produção mantém-se ajustada ao consumo, devido ao maior rendimento do arroz irrigado, proporcionado pelo uso das tecnologias.
A produtividade média está calculada em 6.266 quilos a cada 10 mil metros quadrados, com acréscimo de 1,7%.
A média do arroz irrigado poderá chegar a quase 7,5 quilos por hectare, e a de arroz sequeiro a 2.421 quilos por hectare, com as respectivas altas de 3,8% e de 2,9%, na safra de 2019/20.
O Rio Grande do Sul, principal produtor do cereal, colheu cerca de 7,241 milhões de toneladas na safra 2018/19, com uma redução de 14,5%, de acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
As lavouras gaúchas foram afetadas por altos volumes de precipitação e baixa radiação solar, por isso, a média estadual caiu para menos 441 quilos.
Conforme relatório do Irga, o custo médio para produzir um hectare foi estimado em quase nove mil reais. Por saco, o gasto ficou, em média, em R$ 58,18.
A avaliação da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), é de que a produção do arroz foi positiva no ano de 2019. Inclusive, a exportação do cereal para países da América Central e do Caribe aumentou neste mesmo ano.
A Federarroz contou com o auxílio dos governos estadual e federal, com o objetivo de auxiliar os arrozeiros na diminuição dos custos de produção. “O cenário é de conquistas e de boas expectativas para 2020”, afirma o presidente da Federarroz, Alexandre Velho.
A exportação de arroz totalizou 1,434 milhão de toneladas e US$ 367,586 milhões no ano passado, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
O setor orizicultor considerou o volume surpreendente, porque havia exportado 1,7 milhão de toneladas em 2018, e a disponibilidade interna do grão reduziu com estoque e safra menores.
O país brasileiro está entre os 10 maiores exportadores de arroz. Fora os países asiáticos, passa para a segunda posição, ficando em segundo lugar, abaixo dos Estados Unidos.
O presidente da Federarroz explica que a exportação foi favorecida pelo câmbio alto e pela abertura de novos mercados, como o do México, que adquiriu 275 mil quilos de arroz beneficiado em outubro de 2019. “Temos condições de exportar 20% a mais”, avalia.
Países que ainda não importaram do Brasil estão interessados no arroz nacional, como o Iraque, Irã e Egito. No ano passado, de um total de 114 países, os maiores clientes do grão brasileiro foram a Venezuela, Costa Rica, Peru e Senegal.
O crescimento do mercado interno vai ser de 2,9%, de acordo com a Federarroz. A produção permanece paralisada em 10,5 milhões de toneladas, e o consumo interno continua estimado em 10,6 milhões de toneladas para o mesmo ciclo.
A queda de preço na segunda metade de 2018 foi a causa da redução da área plantada e a diminuição da produção na safra 2018/19. O preço médio pago pelo saco de 50 quilos de arroz com 58% de grão inteiro foi de R$ 43,51 em 2019, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
A Federarroz incentiva os produtores a adotarem o sistema de produção lavoura-pecuária, que é o plantio de arroz com soja, juntamente com a criação de gado. É possível reduzir o custo de produção em 15%, além de aumentar a produtividade em 20% com a adoção desses sistemas.
Alexandre Velho, presidente da Federarroz, relata que estão sendo analisadas alternativas para a metade sul do RS, que incluem o milho e a canola, por exemplo.
O uso de um pivô central para a irrigação do arroz é outra alternativa que está em análise, para diminuir o uso da água.
Um mundo de arroz
A produção de arroz no mundo foi recorde na safra de 2018/19, com o total de 499,2 milhões de toneladas de arroz beneficiado, ou seja, um crescimento de quase 1% frente à safra anterior. Os dados foram disponibilizados pelo USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
O acréscimo veio de grandes colheitas de países como a Índia, Bangladesh, Estados Unidos, Vietnã e Indonésia.
O consumo ao redor do mundo ficou abaixo da produção, mesmo sendo o maior, comparado à safra anterior. O estoque global chegou a 173,3 milhões de toneladas, cerca de 6,6% a mais do que a safra de 2017 e 2018.
Texto: Editora Gazeta