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Empreendedorismo: Entenda as mudanças no cenário mundial

Falar sobre empreendedorismo e diversidade nas instituições se tornou necessário.

Hoje, os jovens empreendedores já estão mais familiarizados com o tema e buscam criar equipes mais plurais. No entanto, colocar essas mudanças em prática em organizações maiores e tradicionais pode ser um caminho árduo.

Os empreendedores brasileiros possuem um perfil pré-definido: em sua maioria, são homens brancos. Quem não se enquadra nessa classificação e quer empreender no país precisa encarar um caminho mais difícil para conseguir créditos e investidores. Além disso, a capacidade dessas pessoas é constantemente questionada.

O relatório global When Women Thrive 2020 (WWT) da Mercer identificou que as mulheres fazem parte de 40% da força de trabalho. A presença é mais numerosa em posições de suporte, 47%. Já em cargos sênior e executivo, elas ocupam, respectivamente, 29% e 23% das vagas. 

Outro dado interessante é do relatório Education at a Glance 2019, feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o estudo, a probabilidade de mulheres brasileiras se formarem no ensino superior é 34% maior em relação aos homens. Entretanto, as chances de conseguir emprego são menores.

Isso mostra que, ao nível educacional, homens e mulheres já se encontram em um patamar semelhante, inclusive, no que se refere à especialização após a graduação. Mesmo assim, as oportunidades, os salários e os cargos mais altos ainda são difíceis de alcançar para elas. 

Mulheres ainda precisam provar que conseguem dar conta de um cargo de liderança e ter uma família ao mesmo tempo. Quando se trata de homens, o assunto familiar raramente é mencionado como um impeditivo para alcançar novas posições no mercado.

Diversidade na liderança

A diversidade racial e de gênero é necessária no empreendedorismo, mas também é importante uma pluralidade em todos os cargos de liderança. Um estudo feito pela consultoria McKinsey analisou 700 empresas no Brasil, na Colômbia, no Peru, no Panamá, no Chile e na Argentina. Os dados mostram que a probabilidade de aumento dos lucros é de 50% quando há mulheres como líderes. 

Com mais de 13 mil entrevistados, de 70 países diferentes, a pesquisa Mulheres na gestão empresarial: argumentos para uma mudança também apresentou números relevantes. Ela foi feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e constatou que a diversidade de gênero contribui para o melhor rendimento dos negócios.

Além disso, 3 em cada 4 empresas com diversidade de gênero nos cargos de direção declararam aumento nos lucros, variando de 5 a 20%. Em outros resultados da pesquisa, também é possível identificar um constante aumento dos rendimentos quando há diversidade nos cargos de liderança.

Falar sobre diversidade racial também é importante. Quando mulheres alcançam a liderança, elas são, em sua maioria, brancas. Cerca de 81% das executivas são brancas. O segundo lugar fica para as asiáticas, com 8%. Mulheres negras representam 6% e, em quarto lugar, estão as hispânicas, com 3% de representatividade.

Os dados são da pesquisa WWT 2020 da Mercer. Foram consultadas 1.157 organizações de 54 países diferentes, incluindo o Brasil. Ou seja, fica evidente que a falta de diversidade em cargos de liderança é uma questão mundial e não apenas brasileira.

Pluralidade na cultura organizacional

A diversidade precisa ser um pilar das organizações. Falar sobre o assunto, promover palestras e outras iniciativas é essencial para cultivar a prática, mostrando de forma ativa que o assunto é importante para a instituição.

Formar equipes diversas, tanto em relação ao gênero, quanto à raça, é necessário e ajuda na criação de times com diferentes olhares. Isso contribuirá para o surgimento de novos projetos e pautas pouco exploradas.

Muitos empreendedores costumam empregar amigos ou buscar pessoas que tiveram uma formação parecida com a sua. Entretanto, para realmente aplicar a diversidade, é necessário procurar pessoas com diferentes histórias e experiências, tanto de vida pessoal, quanto de profissional.

Sair da bolha que privilegia estudantes de determinadas faculdades ou profissionais que moram em bairros específicos é o primeiro passo. Contratar pessoas diversas é abrir um horizonte de novas possibilidades. O resultado é inovação e uma pluralidade de projetos.

Empreendedores novos precisam entender o cenário atual

Enquanto empresas de grande porte e tradicionais no mercado tentam se adaptar, colocando a diversidade como valor da organização, as novas empresas devem nascer assim. É importante que o empreendedor tenha em mente que o negócio precisa ter a diversidade como pilar.

Hoje, a sociedade tem novas demandas. As pessoas buscam consumir de empresas com as quais se identificam. Assim, a organização precisa contar com profissionais de diferentes gêneros, raças e opções sexuais. Fechar a porta para essa pluralidade pode ser um tiro no pé.

Os consumidores querem apoiar causas e estar mais envolvidos com aquilo que compram. Entretanto, não adianta adotar essas práticas apenas para atender à demanda da sociedade. Levar o assunto a sério e como valor empresarial é o melhor caminho.

Texto: Gear Seo