A partir da adoção de distanciamento social e do fechamento de estabelecimentos comerciais de diferentes setores, a pandemia provocou um impacto econômico considerável em escala global.
Com a proibição da circulação de pessoas dentro dos países e entre fronteiras nacionais, o segmento do Turismo foi um dos mais afetados nesse contexto.
O setor turístico é um complexo conjunto composto por diferentes serviços, como rede hoteleira, transporte, agências de viagens e passeios, hospedagem, alimentação e lazer, o que confere uma importância notável na economia mundial.
Em julho de 2020, esses subsetores do Turismo confirmaram terem sido muito afetados pela pandemia, vivenciando perdas econômicas que chegaram a 100% de suas receitas em alguns casos.
A situação é ainda mais delicada em estabelecimentos hoteleiros pequenos ou hospedarias familiares, que não dispõem de grandes reservas financeiras que lhes permitam atravessar um longo período com atividades suspensas sem falir. A fim de mensurar um pouco do impacto da pandemia sobre o Turismo nacional, uma pesquisa levantou dados de como anda a situação dos hotéis no Brasil.
Pesquisa
Segundo o levantamento Oferta de Disponibilidade Hoteleira, 85% dos estabelecimentos hoteleiros brasileiros foram reabertos no fim de agosto. Entre os 15% que permaneceram fechados até essa data, 44,4% esperam reabrir em setembro e 25,9% em outubro deste ano. A porcentagem de hotéis entrevistados que não têm previsão de reabertura chegou a 21,2%.
Realizada pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), a pesquisa foi feita entre 24 e 30 de agosto com 876 hotéis distribuídos em 25 estados, o que totaliza 141,7 mil quartos.
De acordo com o estudo, o Rio de Janeiro continua sendo a cidade com mais hotéis fechados (36%), seguida por Salvador (23,8%), Curitiba (23,7%), Belo Horizonte (19,8%) e Recife (16,6%). Florianópolis é uma exceção, já que 100% dos estabelecimentos hoteleiros da ilha estavam abertos até esta data.
Na classificação por categorias, a pesquisa aponta que todas apresentaram redução das porcentagens de estabelecimentos hoteleiros fechados: midscale (16%), econômico (16%), upscale (17%) e resort (10%).
Em uma análise por região, as quedas se distribuíram da seguinte forma: no Nordeste, foi de 31% para 18%; no Sudeste, de 19% para 15%; no Sul, de 17% para 15%; no Norte, de 16% para 13%; e no Centro-Oeste, de 16% para 10%.
Impactos
O Turismo foi um dos segmentos econômicos mais afetados pela pandemia em escala global. Previsões da Organização Mundial de Turismo, United Nations World Tourism, em inglês, estimam que a queda do fluxo internacional de turistas deve ser em torno de 22% em 2020, o que provocará uma diminuição entre 20% e 30% do faturamento do setor.
Embora o impacto sobre a economia global seja inegável, é importante analisar a porcentagem da participação do Turismo na economia de cada país. Enquanto o setor corresponde a 32% do Produto Interno Bruto (PIB) de Aruba, no Caribe, 26,4% na República das Seicheles, na África, 13,7% em Portugal e 12,3% na Espanha, no Brasil, esse percentual equivale a 3,7%.
Contudo, o Turismo nacional acaba sendo a principal e uma das poucas fontes de renda de inúmeros municípios, especialmente, aqueles de menor porte, situados em áreas socialmente mais vulneráveis do país. Nesse contexto, uma queda brutal das atividades turísticas provoca um impacto social e econômico preocupante.
Para minimizar as consequências da pandemia sobre o Turismo brasileiro, o Senado aprovou um programa de créditos extraordinários da ordem de cinco bilhões de reais, que devem compor o capital de giro de pequenas, médias e grandes empresas.
No entanto, até agora, desse total autorizado, apenas R$ 1,4 bilhão está empenhado, e a quantia efetivamente paga é de R$ 418,4 milhões, de acordo com dados da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, responsável por acompanhar os gastos voltados para combater a COVID-19.
Texto: Gear Seo